Mineradoras voltam a investir

11/09/17

Segundo estudo da EY, mineradoras foram às compras no primeiro semestre, dobrando o valor das operações de fusões e aquisições no mundo, em comparação anual. O total chegou a quase US$ 28 bilhões.

Depois de dois anos organizando a casa, as mineradoras voltaram a investir. Os custos foram controlados, houve a melhora da perspectiva econômica de seus produtos, com maior equilíbrio entre oferta e demanda, e com a alavancagem deixando se ser um problema tão grande, as empresas estão de volta ao mercado. Percebendo o momento, elas buscam investidores e bancos para financiar um novo ciclo de crescimento, tanto orgânico quanto por fusões e aquisições.

Para Afonso Sartorio, sócio-líder para mineração e metais da consultoria EY, 2017 é um ano favorável para as commodities, o que já torna a percepção sobre suas produtoras mais positiva.

O estudo da EY divulgado com exclusividade ao Valor mostra que as empresas do setor foram às compras no primeiro semestre, dobrando o valor das operações de fusões e aquisições no mundo, em comparação anual. O total chegou a quase US$ 28 bilhões. Só no segundo trimestre, foram US$ 14,8 bilhões, 71% a mais que igual período de 2016.

“Depois de um momento de disparada na oferta com o ‘superciclo’ e a demanda menor que a prevista nos últimos dois anos, vemos mais equilíbrio entre oferta e demanda, no geral”, diz Sartorio. “Os projetos foram adiados ou cancelados e tivemos uma parte de desinvestimentos e consolidação de empresas de médio porte, o que contribuiu”, afirma.

Com o cenário menos negativo, as mineradoras precisam de capital. Em parte, como combustível para projetos que ficaram parados e agora são viáveis. Um dos motivos é a exaustão de minas, cujas reservas precisam ser repostas.

Para se ter uma ideia, a Vale, maior produtora de minério de ferro do mundo, é a única das grandes que vai apenas manter os investimentos no ano que vem. Um corte de US$ 500 milhões está previsto, mas só porque a empresa alienou o negócio de fertilizantes. Além disso, a postura menos ativa em relação às outras gigantes do setor faz sentido, já que a companhia vem de anos com largos orçamentos para colocar em operação a mina S11D no início deste ano.

No total, Vale, Rio Tinto, BHP Billiton e Anglo American preveem gastar cerca de US$ 17,4 bilhões no ano que vem; US$ 1 bilhão a mais do que em 2017.

Para esse fim e outros, inclusive o de fusões e aquisições, que as mineradoras levantaram US$ 71 bilhões no segundo trimestre deste ano, 15% a mais do que nos mesmos meses de 2016. Um dos motivos foi a troca de instrumentos de dívida por outros mais baratos, algo que acelera o processo de desalavancagem.

“As juniores [mineradoras menores], por exemplo, aumentaram a busca por financiamento”, afirma Sartorio. Até o ano passado, um movimento desses não seria esperado, pois o preço da maioria das commodities estava em situação muito pior.”As captações têm ocorrido de forma muito diversificada, geograficamente e quanto aos produtos. Com a melhora da saúde financeira das mineradoras, o mercado está oferecendo dívida com termos melhores”, declara.

A consultoria prevê que o processo de diminuição do endividamento continue em 2017. Se a velocidade com que pagaram as obrigações em 2016 se repetir, a EY calcula que a alavancagem financeira, índice que relaciona dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), do setor fique abaixo de 1 vez pela primeira vez em cinco anos.

Sobre os novos projetos que esse dinheiro pode gerar, Sartorio vê o cobre com perspectivas interessantes. Os fundamentos para o metal tornaram-se mais positivos para o investimento, após ajustes de capacidade e expectativa de maior demanda nos próximos anos. Carros elétricos, por exemplo, uma tendência que deve se intensificar até o fim da década, seriam grandes consumidores.

Contudo, o Brasil não é protagonista, lembra o sócio da EY, porque não é tão relevante na produção do cobre. Chile e Peru, na América do Sul, têm mais oportunidades. Sartorio também cita a redução de participação da China nas operações como uma tendência recente.

O mercado de ouro, por outro lado, também deve se agitar daqui para frente, e o Brasil é protagonista. Ele também cita o nióbio, cuja maior produtora é a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), além da bauxita e do lítio.

De acordo com Sartorio, não é só a falta de reservas ou a menor relevância em certas commodities que deixa o país para trás. Apesar de o mercado aqui não estar parado, alguns fatores restringem negócios, como a contínua recessão, a crise política e a entrada em operação do S11D, da Vale. Com informações do Valor Econômico.

Fonte: Notícias de Mineração Brasil



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