Até 2015, a indústria de mineração deve ser responsável por uma das mais vultosas somas de investimentos da economia brasileira, ultrapassando os US$ 68 bilhões, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração.
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São três os principais fatores que contribuem para o fortalecimento desse segmento: o crescimento da população urbana, o aumento do investimento em infraestrutura e também o avanço econômico mundial.
Por exemplo, o Japão tem interesse no minério de ferro do Brasil, e o mercado interno apresenta boas perspectivas. No terceiro trimestre deste ano, o país registrou nove fusões e aquisições no setor (quatro delas domésticas), 200% a mais do que no mesmo período de 2011.
Apesar das boas expectativas, o setor enfrenta grandes desafios ligados à demanda do minério de ferro, seu principal produto, e que tem como cliente primordial a China. O momento é delicado em razão da queda do preço mundial da commodity e da redução do apetite chinês.
As companhias terão que demonstrar habilidade para negociar com clientes em um cenário de volatilidade de preços e lidar com a competitividade do minério da própria China.
A oferta de mão de obra qualificada é outro gargalo para a indústria. Estima-se que, em três anos, serão necessários pelo menos 600 engenheiros e 1.500 técnicos. Também há dificuldades na obtenção de licenças ambientais, demora na entrega de equipamentos e escassez de investimentos em pesquisa.
Questões similares afetam o mercado de aço, que ainda enfrenta problemas como a necessidade de redução de custos devido ao excesso de capacidade produtiva e a volatilidade na procura pelo produto em razão da crise.
Porém, ao final, a principal discussão gira em torno do marco regulatório da mineração, incluindo a criação de órgãos como o Conselho Nacional de Política Mineral e a Agência Nacional de Mineração, além do debate sobre a implantação da política para a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, que trata dos royalties da mineração.
Não são poucos os desafios, mas as perspectivas certamente valem o esforço.
EDUARDO MARTINS é líder do setor de mineração da KPMG no Brasil.
Fonte: Folha de São Paulo
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